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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Super Bowl Media Day – parte 3 (final)

E então chegou o dia. Miami, 10 da manhã, depois de passar por uma checagem de segurança digna da Faixa de Gaza, eu e o cameraman Fernando chegamos ao Sports Club Level – o saguão interno do Sun Life Stadium. Parece estádio brasileiro: acarpetado, com minimuseu, memorabília dos Super Bowls disputados em Miami, loja de produtos, lounge, bar...
Antes mesmo de os Colts chegarem, as entrevistas já rolavam. E, believe it or not, um dos mais entrevistados era... eu! Sei lá como, rodou pelo salão que a TV brasileira estava lá. E, na falta de celebridades e jogadores, vai o “exótico repórter tupiniquim” mesmo. Uma TV de New Orleans, uma rádio de Nova York e um website do Mexico queriam saber de mim se eu não tinha me enganado, vindo ao evento  do “futebol errado”. 
Com toda classe que consegui ter, respondi que o futebol americano está crescendo no Brasil e que, sim, eu sabia muito bem onde estava. 
Aliás, cada vez mais acho que a Louisiana é a Bahia dos americanos. A repórter da TV de Nova Orleans não tinha nem de longe aquele ar formal dos yankees em geral e até deu um pulo e um grito no meio da entrevista quando eu disse que no Brasil as pessoas preferiam que os Saints vencessem  (chute total meu...).

Chegam os Colts. Cerca de 20 jogadores, todos uniformizados, para facilitar a identificação. Afinal, 90% do tempo nós os vemos com capacetes – ok, todo mundo reconhece Peyton Manning ou mesmo Joseph Addai. Mas você sabe a cara do Kyle DeVan? E do Clint Session? Pois é. E isso vira um problema quando o tempo é escasso e você não pode perder um segundo tentando identificar quem é quem.


Sim, porque o tempo desse Media Day é pra lá de escasso:  cada time fica à disposição dos jornalistas por 60 minutos. Acontece que eram mais de 1000 repórteres do mundo todo! Os jogadores mais famosos ficavam numa mesa, numa espécie de tablado elevado. Isso facilita pro cinegrafista, mas impede as entrevistas exclusivas – que são o objetivo do bom repórter. Tinha os outros jogadores, cerca de 10 no caso dos Colts e 20 no caso dos Saints, que ficavam andando pelo salão. 


Só que havia sempre meia-dúzia de jornalistas pendurados em cada um! Para quem é de TV, isso se torna um inferno, pois a entrevista exige que você tire todo mundo de perto e fique sozinho com o jogador.

Eu consegui, mas a custo de muita tensão, cara-de-pau, olhares tortos dos colegas e músculos: num determinado momento praticamente dei um tackle no Ryan Diem pra trazê-lo a um ângulo ideal pedido pelo Fernando, o cameraman.

Como tacklear um OL da NFL não é algo que eu faça sempre, fiquei tão nervoso que, na hora de perguntar, me enrolei várias vezes com o inglês. Na coletiva toda minha língua cometeu fumbles. Pior é que eu falo bem o idioma, mas qualquer coisa feita sob pressão tende a desandar; no caso do Media Day, meu “English” virou “Mumblish” – um monte de “ãhhh...mmmm” seguido de gaguejos e alguns erros de concordância... Move on, Paulo, como diria o Sílvio Santos Júnior.
Quando os Colts saíram e vieram os Saints, a coisa fluiu um pouco melhor. Mas ainda assim me senti um imigrante do Uzbequistão tentando declamar Shakespeare quando perguntava ao Scott Fujita se a falta de um jogo corrido ameaçador por parte dos Colts estimularia aos linebackers dos Saints empreender mais blitzes sobre Peyton Manning. De alguma forma, ele me entendeu, e respondeu que não, pois Manning é um exímio identificador de blitzes e ficar tentando isso toda hora pode ter um resultado negativo, com a secundária sendo pega desprevenida.

Bom, as entrevistas e matérias vocês poderão ver a partir desta quinta-feira, no Magazine BandSports, nos jornais do BandSports e na abertura da transmissão do Super Bowl domingo. Em todas as exclusivas, fiz sempre uma pergunta de tática e outra mais genérica.
Apenas um aperitivo das “genéricas”:

  • O “menino” Garret Hartley, kicker dos Saints, contando sobre sua carreira de goleiro antes da NFL.

  • O “gente-boa” Pierre Garçon, WR do Colts, falando emocionado do Haiti.
  • O “turista” Sedrick Ellis, DT dos Saints, falando sobre sua vontade de vir ao Brasil (me pegou pra guia turístico antes mesmo da entrevista – ele que MESMO ir ao Nordeste).
  • O “figuraça” Pat MacCafee, punter dos Colts, falando que não fará tricky plays (não acreditei...) e depois solltando um "Brazil! Super Bowl no BandSports!"
  • O “bravo” Raheem Brock, DE dos Colts, explicando como a defesa se adaptará caso Dwight Freeney não jogue.

  • O “japonês-alemão” Scott Fujita, LB dos Saints, pedindo a torcida da colônia japonesa de São Paulo...


Alguns dados interessantes que todo mundo divulgou por aqui nos EUA:

- Das 128 perguntas feitas a Dwight Freeney, 96 eram sobre seu tornozelo.
- Darren Sharper não sabia se o Manning dos Colts era o Peyton ou o Eli e justificou:  “Eu confundo até os meus próprios irmãos”
- Peyton Manning disse:  “I am not superstitious… maybe ‘a little-titious’… Uh, that’s a bad joke… Eli gave it to me!”
- Chad Ochocinco estava lá com sua emissora, a OCNN (Ocho Cinco News Network)

E outros que só eu vi:
- Nosso cameraman Fernando, sem qualquer cerimônia, deu um chega pra lá no Steve Mariucci, ex-coach do 49ers e atual comentarista da NFL Network.
- Fiquei exatos 8 minutos esperando o Robert Meachem desligar o celular (ligação pessoal, pelo que percebi) para entrevistá-lo. Desisti. O cara é muito metido.
- Sean Payton deu uma bronca “de leve” na imprensa porque havia vários jogadores do time de especialistas vagando sozinhos pelo lounge, abandonados pelos jornalistas. “Those guys can decide a match on a kick return, remember that...”, disse o técnico dos Saints;
- Os Colts estão muito confiantes, mas os Saints mostram mais empolgação e alegria.
- No meio da confusão, pisei no pé do WR Lance Moore. Por alguns segundos, fiquei com medo de ter causado uma lesão, tirado ele do Super Bowl e, com isso, ter mudado a história do futebol americano. Felizmente, foi só viagem da minha cabeça neurótica. Ele nem percebeu.

É isso!


PS de curiosidade: estou fazendo este post na Sala VIP da Delta, em Nova York, esperando pelo voo para o Brasil. Logo ao chegar, dou de cara com um garoto vestindo uma jersey dos Saints. Até aí, nada de anormal, estamos nos EUA, certo? Só que, no caso, trata-se de um brasileiro, Lucas, que está viajando com os pais. E ele torce mesmo pelos Saints! Quais as chances de uma coincidência assim? Não acredito em sobrenatural, mas que as bruxas de New Orleans estão fazendo um bom trabalho pelos Saints, ah, isso estão!

13 Comentários:

Às 3 de fevereiro de 2010 às 20:56 , Blogger Liguori Valéria disse...

Queria estar no seu lugar, ai que inveja saudável. Valeu Mancha, parabéns pelo ótimo trabalho!

 
Às 3 de fevereiro de 2010 às 21:00 , Blogger Daniel disse...

Mancha, se eu reconhecesse (ou não) o Clint Session, eu não ficava no caminho... rs

Abraço!

 
Às 3 de fevereiro de 2010 às 21:08 , Blogger Unknown disse...

Paulo,

Esperamos que as bruxas funcionem...GO SAINTS!!!!!!

Emilio
Pai do Lucas

 
Às 3 de fevereiro de 2010 às 21:18 , Blogger Unknown disse...

Espero um jogo inesquecível, como o do ano passado. Nada contra o Colts, muito pelo contrario, até admiro muito o Peyton Manning (impossível não admirar), porém, espero uma vitória do SAINTS.

 
Às 3 de fevereiro de 2010 às 21:58 , Blogger Jimi Jammer disse...

é fácil reconhecer a cara do Addai. mas não era pra ser fácil acertar o nome dele?

 
Às 4 de fevereiro de 2010 às 01:02 , Blogger vmbh6 disse...

""eu disse que no Brasil as pessoas preferiam que os Saints vencessem (chute total meu...).""
MANCHA, é bem isso. Não só no Brasil, eu apostaria minha alma que no MUNDO todo a maioria torce pro Saints nesse SB.
PARABÉNS pela matéria!
Abraços

 
Às 4 de fevereiro de 2010 às 02:08 , Blogger Miguel Fortunato disse...

Olá, me ajudem:
eu moro em sp e gostaria de saber de algum barzinho onde eu possa ver o SB e que lá estarão muitos fãs de NFL. abração

 
Às 4 de fevereiro de 2010 às 11:32 , Blogger Unknown disse...

Matéria mto boa, um dia o Brasil será mais respeitado lá fora. Os Colts merecem mais este SB, Manning é um dos 3 melhores QB da História e não irá deixar passar essa chance. Respondendo ao Miguel, tem um pub que vai passar o jogo, O´Malley´s, acho q é isso, e estarei lá com ctz. Fica na alameda Itu. Um abraço Mancha

 
Às 4 de fevereiro de 2010 às 11:38 , Blogger Paulo Mancha disse...

Pronto, Fellipe, já consertei o nome do Joseph Addai.

Agora, cá entre nós, com tanta coisa legal que eu escrevi, você só teve olhos para um erro de digitação?

Vai ser chato assim em Miami, hein, brother!

 
Às 4 de fevereiro de 2010 às 23:49 , Blogger Ícaro disse...

Encontrou alguém da OchoCinco News Network (OCNN) no Media Day Mancha (Ray Rice, Chris Cooley ou o próprio Chad)?

 
Às 5 de fevereiro de 2010 às 05:57 , Blogger Paulo Mancha disse...

Ícaro, encontrei, mas não deu pra entrevistá-los, pois a coisa lá é muito corrida, eu tinha que "caçar" o pessoal de Colts e Saints. Mas eles tavam lá, falando muita bobagem e fazendo o povo rir...

 
Às 6 de fevereiro de 2010 às 20:18 , Blogger vmbh6 disse...

Realmente, uma das matérias mais legais que já apareceram no blog e o cara vem reclamar do erro de digitação na cara de pau.
Puta que pariu, como tem gente pentelha.

 
Às 15 de fevereiro de 2010 às 17:59 , Anonymous Anônimo disse...

“Those guys can decide a match on a kick return, remember that...”. Sean Payton praticamente anunciou o onside kick no Media Day. Que ironia do destino!

 

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